segunda-feira, 15 de junho de 2009

Gritos mudos

Dizem que o silêncio tudo diz, dizem que o tempo tudo leva.
Esse silêncio não o conheço e o tempo ainda não passou por aqui.
Porque é que as palavras, que supostamente são as fundações do nosso discurso, do nosso pensamento, enfim, parte de nós, porque é que elas magoam e porque é que elas não saiem quando nós necessitamos ou pedimos?
Tanta palavra que temos dentro de nós, mas que quando abrimos a boca se transforma em sussurros sem alma nem direcção.
Como fazer com que os ouvintes percebam as palavras que eu quero dizer e não aquelas que eu conheço?
Porque conseguimos dizer a todo o mundo aquilo que sentimos e a quem interessa, as palavras fecham-se no silêncio de um grito absurdo.
Não consigo respirar, as palavras acumulam-se na garganta com pressa de chegar à saída mas quando lá chegam os obstáculos apresentam-se e o seu percurso volta a entalar-me no meu sufoco.
Não consigo chorar, pois à água secou, os gritos não que querem a companhia de lágrimas, não querem saber se isto é real ou não.
Sorrir? Sim sorrio, não porque quero mas sim porque é mais fácil usar um disfarce do que dizer a realidade.
Mas este sentimento continua, um sentimento que me faz sentir absoluta por não poder fazer nada, ou melhor, por não conseguir fazer nada para mudar a minha situação.
Silêncio? Sim conheço-o, já há muito tempo que habita perto de mim, que me acompanha quando as minhas palavras querem sair e ele teima em as guardar.
Gritos mudos, sim gritos mudos, que se libertam mas que vão sozinhos sem a companhia das palavras.
Tempo…esse já passou e sempre foi tarde demais…tarde demais para falar, tarde demais para sorrir, tarde demais para tentar, tarde demais para voltar, é tarde, muito tarde e os gritos continuam a roer-me a alma que se encontra já perfurada pelos sentimentos que não me abandonam.
Gritos mudos, apenas gritos mudos…

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