sábado, 3 de janeiro de 2009

História de encantar

-“Vou só comer uma bolacha! “- diz ela com o olhar fugidio, sabendo que aqueles instantes de ida e volta serão os últimos em que terá questões de incerteza.
O seu passo é apressado pois não quer que as palavras dele sequem.
A bolacha não é verdadeira, ou melhor, é meramente representativa dos seus medos, que por tantos anos ela desejou acabar, mas que agora teme serem maiores do que os sonhos que terá por viver.
Anda rápido, mas cada passo tem o peso da eternidade, simples segundos têm a força de anos, anos que passou na solidão e que teimam em não a deixar.
A “bolacha” passa a ser um suspiro que traz com ele todas as memórias agora arquivadas na sua mente.
Ela preparasse para voltar e ouvir bem atenta todas as palavras mágicas que irá ouvir.
Chega à divisão e basta um olhar, aquele olhar, que lhe diz que está tudo bem, que nada precisa temer.
-“Já comes-te a bolacha? “- pergunta ele sem saber que essa “bolacha” é a própria vida dela, que foi devorada com todos os seus medos e passados.
É então que começa a conversa.
As palavras vão fluindo como se de um livro se tratasse, um belo romance, uma linda história de amor.
As palavras banais quase sem sentido para o ouvido desatento, apenas dizem aquilo que o coração grita com toda a força.
Ela ouve-o com atenção, sem sequer pestanejar, pois a sua vida vê nos olhos dele.
Cada brilho é uma história contada que ela sorri e que juntos vivem.
Ele vai falando, sabendo que as suas palavras são ouvidas pelo coração.
As palavras cessam e os corpos exprimem-se.
Juntos dão as mãos e partem à procura do futuro próximo.
Os seus medos são esquecidos e as suas alegrias revividas.
Como numa história de encantar, vivem felizes para sempre.
Vivem sonhos felizes e sonham dias de encantar.
Escusado será dizer que nunca mais comeram “bolachas”…

Sem comentários:

Enviar um comentário