domingo, 4 de janeiro de 2009

Música e Letra

Pegas numa folha de papel destinado a revelar os segredos que correm nas entrelinhas da tua alma.
Agarras numa caneta como se da própria vida se tratasse.
Decides por fim escrever a tua vida, as tuas lamentações e libertares-te de todas as palavras estagnadas que estão a apertar-te a garganta.
Um desejo oculto teima em desenrolar-se para mostrar a sua verdadeira face e revelar os secretos contornos da vida inerente ao sentimento poderoso da emoção.
As palavras começam a fluir como a água que corre no rio, a caneta é a água responsável pelo ciclo desse rio que corre dentro das tuas veias, o rio de palavras e certezas que se vão desenrolando e mostrando o seu verdadeiro valor.
Agora já não tens controlo na caneta, ela tomou a posse da tua mão, e inconscientemente vai transportando uma simples confissão numa libertação de pensamentos esquivos mas que o papel conseguiu captar na sua trama.
As palavras ganham o seu sentido eterno e como se por magia, sentes o corpo a relaxar e toda a energia negativa a abandonar-te.
És agora um meio de transporte entre as palavras e as emoções, a tua voz é o filme dos teus sonhos e a tua escrita e o guião.
Como numa música, vais escrevendo a letra, o sentimento importante que descreve a tua essência e mostra a personalidade dos sonhos de que és feito.
Tens a música na alma, a letra nas mãos, a tua voz encontras-te e não consegues parar de escrever, ninguém te irá conseguir parar.
Apenas tu tens as armas para transcrever o sentimento da vida que buscas alcançar na sua plena felicidade.
Cantas ao mesmo tempo que escreves, pois a melodia encontraste, já de nada precisas, continuas a escrever e cada vez mais revelas os pedaços que formam a tua alma.
Não te precisas de esconder, o medo já passou, não eras capaz de dizer, mas o sonho revelou-se e já acabou o medo, aqui estás tu, a deixar a luz brilhar, encontras-te quem és, não te irás esconder.
Os novelos desapareceram, o que resta são os sonhos e as alegrias dos caminhos descobertos, percorres neles e vais descobrindo caras amigas que te aplaudem à medida que a canção corre, não precisas de voltar atrás, nem de olhar para trás, vês o brilho ao longe da melodia conjunta que ouves sempre dentro da tua alma.
Percorres o labirinto com a alegria na alma e a felicidade no coração, a luz tornou-se mais brilhante e no seu brilhar reparas numa forma que se está a libertar.
Continuas a cantar e a canção transforma-se num dueto.
Paras de escrever, já não necessitas, a letra está acabada. A tua vida está realizada, sentes-te único e único és.
Sabes a tua música.
Ao pousares a caneta lembras-te da forma que viste na tua luz, lembras-te que a música era um dueto.
Começas a cantar a tua linda música e no momento certo apareço eu.

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